domingo, 13 de março de 2011

Enfermo do inferno


Suas mãos estão suadas. Seu coração está batendo forte, batendo rápido, batendo sem ritmo. Seus pulmões buscam por uma quantidade de ar muito maior que a quantidade que você é capaz de puxar para dentro a cada vez que você inspira. Isso tudo te faz ofegar. E como se não bastasse, tem lágrimas nos seus olhos. Tem lágrimas nos seus olhos e um buraco no seu peito, junto com um nó na sua garganta. Além disso, existem calafrios correndo pela sua espinha. Você está doente. Mas felizmente você está vivo. Você está enfermo dessa droga inútil que eles chamam de amor. Vá tratar-se e me avise se encontrar um bom profissional que possa curar essa maldita dor. Só por favor, não me conte se essa doença evoluir, não quero saber se você ficou louca de verdade, eu não estou buscando informações sobre pessoas que evoluíram essa doença do amor. Que foram direto do cinema de mãos dadas ao abraço da camisa de força do sanatório. Por favor, não me mantenha informada se de repente seus telefonemas no meio da noite forem substituídos por pílulas para que consigas dormir sem chorar. Tu contraíste essa doença do amor há pouco menos de um mês e eu já a possuo há anos, não quero saber quanto tempo falta para que ela evolua. Esse câncer vai me levar a vida e eu não quero saber ainda quanto tempo eu tenho. Você não tem nenhum direito de me informar, eu não quero saber. Mantenha longe de mim as suas mãos suadas e seu coração eufórico a beira de um infarto. Respire um ar que não seja o meu, por favor, já estou tentando inspirar bem mais do que posso. E não me faça mais perguntas, eu também não tenho direito algum de lhe informar que você está doente. Não posso lhe dizer que esse sorriso irá se transformar nessas lágrimas que estão no meu rosto. Não posso, em momento algum, dizer que estás olhando para mim como se eu fosse um espelho do teu futuro. Não posso também me responsabilizar por teres se deixado contaminar por esse vírus estúpido. Deixastes que lhe injetassem essa droga direto na veia então agora espere. Apenas espere. Tenho ouvido isso por não sei quanto tempo, mas você ainda está no início. Não venha aqui conversar, estou tentando me preocupar com meus calafrios. Não me diga nada a respeito dessa doença, mas me avise se encontrar a cura.

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